quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A vida.

Sentado numa cadeira de plástico, na calçada de sua casa, apenas observava o movimento dos carros na rua. Cabelos brancos, lembrava-se do tempo de menino que tudo aquilo era terra batida.

Lembrava-se dos amores que houve ao longo de sua vida, de quando se é criança e a única preocupação que existe é ser flagrado espiando a vizinha tomar banho, lembrava-se de quando era jovem e o mundo parecia estar na palma de sua mão, e até quando já era adulto e estar com a mulher e os três filhos era a única felicidade existente.

Hoje era apenas um velho.

Imaginou como teria sido a vida se tivesse ido atrás do grande amor, não ter largado a faculdade para cuidar da família e hoje ser um homem bem sucedido.

Então o gosto dos bolinhos de carne que sua avó fazia lhe vieram à memória, de como sua mãe era preocupada e reclamava de ele estar magro demais.

O bigode de seu pai acima do sorriso amoroso.

O primeiro beijo, o primeiro amor.

A formatura de seus filhos.

A morte de sua mulher.

A vida. Apenas a vida.