quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

O bar.

Lentamente o uísque barato escorria pelas pedras de gelo, enchendo o copo. Neste meio tempo, mais uma ponta de cigarro foi largada no cinzeiro de vidro.

O garçom foi atender outra mesa, o freguês apenas ficou ali, perdido em pensamentos, com pessoas conversando em tom alto ao seu redor. Bebia sozinho, fingindo não se importar. A solidão era sua única companheira.

Passou a noite anterior com um amor comprado de seios nus. Em poucas horas passaria folheando revistas no velho banheiro.

Seu uísque desceu queimando a garganta e explodindo no peito. Sentiu a barba arranhar a palma de sua mão quando coçou a bochecha esquerda. Esfregou o rosto. Recordava o passado e cada gole era uma lembrança que ressurgia. Bocejou e fechou os olhos, abrindo após instantes.

Olhou para um lado, para outro. Acabou por notar uma bela jovem ao balcão. Provavelmente tinha o dobro da idade da garota. A pele parecia macia e o curto vestido deixava as belas pernas a mostra. Bebia Campari.

Os olhos dela também acabaram por percebê-lo. Não demonstrou constrangimento, encarando-a com um sorriso no canto da boca, ela retribuíu o gesto erguendo a sobrancelha esquerda.

A bela morena levantou, trazendo consigo a dose de Campari e sentou na mesa sem nem ao menos pedir permissão. Puxou papo e a conversa se desenvolveu bem. Não vendia seu corpo, apenas gostava de usar.

Agora estavam em algum quarto de apartamento. Não muito luxuoso, mas arrumado e limpo. Na cama, os dois se beijaram e entrelaçaram as pernas. A noite foi longa e prazerosa. Os lábios daquela misteriosa garota eram realmente calorosos.

Algo estranho aconteceu. O garçom lhe tocou o ombro. Uma decepção e tanto quando a dura mesa de madeira tomou lugar dos seios macios da morena.

Um dia já foi feliz ao lado de uma mulher. Essa lembrança foi a que mais o machucou.

Voltou a beber sua dose. Acendeu outro cigarro.