Lentamente o uísque barato escorria pelas pedras de gelo, enchendo o copo. Neste meio tempo, mais uma ponta de cigarro foi largada no cinzeiro de vidro.
O garçom foi atender outra mesa, o freguês apenas ficou ali, perdido em pensamentos, com pessoas conversando em tom alto ao seu redor. Bebia sozinho, fingindo não se importar. A solidão era sua única companheira.
Passou a noite anterior com um amor comprado de seios nus. Em poucas horas passaria folheando revistas no velho banheiro.
Seu uísque desceu queimando a garganta e explodindo no peito. Sentiu a barba arranhar a palma de sua mão quando coçou a bochecha esquerda. Esfregou o rosto. Recordava o passado e cada gole era uma lembrança que ressurgia. Bocejou e fechou os olhos, abrindo após instantes.
Olhou para um lado, para outro. Acabou por notar uma bela jovem ao balcão. Provavelmente tinha o dobro da idade da garota. A pele parecia macia e o curto vestido deixava as belas pernas a mostra. Bebia Campari.
Os olhos dela também acabaram por percebê-lo. Não demonstrou constrangimento, encarando-a com um sorriso no canto da boca, ela retribuíu o gesto erguendo a sobrancelha esquerda.
A bela morena levantou, trazendo consigo a dose de Campari e sentou na mesa sem nem ao menos pedir permissão. Puxou papo e a conversa se desenvolveu bem. Não vendia seu corpo, apenas gostava de usar.
Agora estavam em algum quarto de apartamento. Não muito luxuoso, mas arrumado e limpo. Na cama, os dois se beijaram e entrelaçaram as pernas. A noite foi longa e prazerosa. Os lábios daquela misteriosa garota eram realmente calorosos.
Algo estranho aconteceu. O garçom lhe tocou o ombro. Uma decepção e tanto quando a dura mesa de madeira tomou lugar dos seios macios da morena.
Um dia já foi feliz ao lado de uma mulher. Essa lembrança foi a que mais o machucou.
Voltou a beber sua dose. Acendeu outro cigarro.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
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Um comentário:
bar e campari...
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